Normalmente eu saio de casa sabendo exatamente o que vou ver e fazer. Ontem eu sabia que ia ao teatro, mas não fazia a menor ideia do que iria assistir. Confiei em uma indicação com pouquíssimas explicações quanto ao contexto histórico ou cênico. Paguei pra ver.
Não era uma peça de teatro.
Não era um musical.
Não era um show.
Não era uma performance contemporânea.
Nos 15 primeiros minutos fui invadido por um misto de surpresa e fascínio. Afinal, o que eu estava fazendo ali até então estava muito além da minha limitada compreensão do que cabia em um palco de teatro.
Mas aos poucos fui me deixando invadir pela curiosidade e pela explosão de sensações visuais e auditivas. É certo que a apresentação que assisti possuia até uma certa dose de "mais do mesmo" em relação aos típicos movimentos de protesto e revoluções culturais modernas. Mas aquilo tudo, despejado sem nenhuma piedade, mexeu comigo a ponto de querer pesquisar sua fonte e essência.
O que me leva a um tema mais amplo: a contracultura e a arte pela arte. Não dá pra definir "Dzi Croquettes". Mas dá pra compreender o desejo em romper conceitos e paradigmas. A história se resume nisso!
Quando tudo se acomoda em um imenso mar de apatia, alguém é vencido pela insônia e passa a madrugada inteira batendo panelas.
Estou muito longe de ser um revolucionário ou de me envolver seriamente com a contracutura. Mas admiro profundamente o poder de quem sobe em um palco para abalar essas estruturas. Fazer arte, amoral ou imoral, sem limites e destemida. Apenas para provar que mesmo eu, reles expectador, posso olhar além.
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(Quem quiser saber mais sobre o que me levou a estar aqui, sugiro a leitura desse texto sobre Dzi. E ainda tem um documentário sobre o grupo, considerado o mais premiado do Brasil. Vale o alerta de que o texto, o grupo ou o movimento não fará qualquer sentido pra quem prefere permanecer em sua zona de conforto.)

