Ele vai se mudar. Vai colocar toda a sua vida em uma mala e partir em direção a toda uma nova estrutura de vida. Novos amigos, novo ritmo de trabalho, nova paisagem, novo clima, nova cultura. Nada assustador.
Sua voz me lembrava a minha.
Seu olhar me lembrava o meu.
Sua testa franzida, a minha.
Suas mãos trêmulas, as minhas.
Nunca disse que sair do Rio de Janeiro há 3 anos foi o movimento mais fácil da minha vida. Sair de Belém há 1 ano talvez tenha sido até um pouco mais pesado. Mas eu nunca olhei pra trás, nunca pensei em desistir, mesmo quando isso efetivamente me foi oferecido como uma nova opção de vida. Não! Minha vida não é feita apenas de sonhos, ela também se constrói em cima de realizações e conquistas cujo valor só eu tenho consciência.
E foi isso que tentei passar para esse meu amigo. Apesar de tudo sinalizar o contrário, não há nada a temer. Não há nada a lamentar. Há, sim, páginas e páginas de uma nova história que só dependem da maneira como você reage às novidades.
Eu podia escolher me trancar em casa ou me afogar no trabalho. Eu podia escolher chorar dia e noite pela "Cidade Maravilhosa" que se perdeu nas minhas memórias infantis. Mas preferi tomar outra atitude, preferi vencer.
Eu realmente entendi o poder que nós temos sobre nossas próprias histórias quando um idiota um dia me disse:
- Quer dizer que você vai se foder no interior do Estado?
E eu respondi:
- Eu não me fodo nunca. Eu me adapto.
E me adaptei. E aprendi a viver a vida que só uma mudança radical é capaz de proporcionar. Aprendi a viver plenamente a MINHA vida. E eu tenho certeza que o meu amigo entenderá isso um dia.
Boa viagem, meu caro!

Um comentário:
Seguir na estrada quando sempre se teve um chão conhecido não é nada fácil. Adaptar-se em qualquer chão que não tenha uma referência familiar, amiga, conhecida não é algo que se encare da melhor forma possível. Largar-se no mundo pode significar despir-se da segurança que o já conhecido nos proporciona.
No entanto, deixar de viver as possibilidades que o mundo oferece a partir dessa aventura pode ser mais angustiante do que permanecer onde se está.
Libertar-se a uma busca de algo que na realidade não se procura, mas que se sente ao caminhar da estrada.
Uma estrada que trará sonhos, alegrias, amizades, boas lembranças, ótimas vivências, trará também tristezas e coisas do tipo, mas isso que seja colocado como aprendizagens, pois o bom da estrada, essa sim, vai permear as lembranças e habitará o pensamento e trará aquele gostinho de "bem viver" em todo o corpo".
E no final, aquele sorriso de meia boca insinuará algo aos que não viveram tudo aquilo, mas que quaisquer palavras nunca abarcarão toda a plenitude do que já desfrutado.
;)
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